O texto a seguir foi escrito por: Renato Alt @aperteoalt
Bom, à essa altura você provavelmente já ouviu falar
em Deep Web, aquela parte de baixo do iceberg na imagem que anda
circulando por aí. Aproximadamente 80% de toda a informação que corre na
internet está escondida nessa camada bem profunda da rede… uma camada que, por
motivos óbvios, você não vai encontrar no Google.
Mergulhar nesse universo profundo é
complicado. E é mergulhar mesmo, porque enquanto você circula
tranquilo pela web aqui em cima, a Deep Web exige equipamento especial e bom
treinamento, ou você vai virar comida de tubarão. Mesmo sabendo disso tudo aí,
que não é nada tentador, resolvi ceder à minha curiosidade patológica e entrar
nesse mundo.
Mas me arrependi…
Grande parte da Deep Web é um repositório de tudo de mais
bizarro, nojento e impensável que existe no mundo e em todas as áreas
possíveis, por exemplo (só alguns): pornografia (CP – child porn,
imagens de sexo que fariam Marquês de Sade vomitar), drogas para
compra, contratação de assassinos, fóruns para pedófilos, estupradores (com
imagens sempre bem explícitas), canibais e lutadores de UFCs que só
terminam quando alguém morre e por aí vai.
É uma terra onde ninguém tem nome e todo mundo pode dar
vazão à coisas que nós, pessoas normais, nem sequer conseguimos imaginar.
O ambiente da Deep Web tem mais vírus do que a Vila Mimosa,
e um monte de hacker faminto pra pegar quem resolve aparecer sem o devido
cuidado. Inclusive, é por lá que nascem os vírus mais cabulosos de que se tem
notícia. Ah, e tem o FBI e a Polícia Federal também, que de repente podem te
chamar pra tomar um cafezinho dependendo do que você fizer por lá.
ONE DOES
NOT SIMPLY WALK INTO THE DEEP WEB
Pra acessar a DW é preciso instalar uma máquina virtual, ter
o browser específico para navegação, colocar o Firewall no
talo, o antivírus em RED ALERT e esse tipo de coisa. E bicho, que troço lento.
É um parto até o bendito browser conectar (porque ele vai se conectando à uma
rede espalhada em todo le monde pra garantir seu anonimato). E, amiguinhos, não
recomendamos que façam isso em casa (nem na casa do seu inimigo).
Quando finalmente a coisa vai, chegamos à Hidden Wiki, principal
site da DW. A partir daí fica cabuloso. O site é como um imenso diretório, onde
você pode buscar o assunto que interessa. Qualquer assunto. Repetindo, qualquer
assunto. Sem qualquer tipo de bloqueio social, moral ou o que for. Tipo de
pesquisas que mostram que algumas pessoas nem sequer podem ser chamadas de
humanas.
Durante o tempo em que fiquei nessa de aventureiro do bairro
proibido, percebi que praticamente tudo acontece em fóruns. Você não vai
encontrar (bom, eu pelo menos não encontrei) sites com o mesmo formato aq está
acostumado aqui na “web de superfície”. Em geral, eles se limitam a uma lista com o que contém, ou simplesmente um diretório
com suas subdivisões. Um ou outro tem uma logo ou uma foto simples. Tudo um
esforço para manter a coisa o mais difícil de rastrear possível.
Esse cuidado todo é porque aqui o buraco é muito, mas muito
mais embaixo. Ou melhor, é sem fundo. Se os alertas do Fantástico sobre os
perigos da web te assustaram, fique sabendo que aquilo ali é um jardim de
infância se comparado à DW.
Mas calma, nós fizemos o trabalho sujo por você, aqui vai um
relato sobre o que existe nos lugares mais escondidos da internet. Vamos lá.
O QUE VOCÊ ENCONTRA POR LÁ?
Imagine uma coisa bizarra. Mas bizarra mesmo. Então, alguém
já fez isso, fotografou e postou lá na Deep Web. Lembra de “2 girls 1 Cup”?
“BME Pain
Olympics”? É sobremesa perto do que um sujeito doente pode fazer. Ou seja,
é gente pra ser presa às centenas. Mas a Polícia Federal e o já citado FBI já
estão ligados e tem milhares de iscas espalhadas. Acessou conteúdo marcado, se
prepara que os caras vão chegar em você.
Já que não se pode simplesmente dar um shut down na coisa
toda, afinal sempre vai existir o argumento de liberdade de expressão (não há
só lixo na DW), os FEDS aproveitam para tentar agarrar alguns predadores. Se
quiser, também dá pra comprar drogas ou encomendar um assassinato básico. E nem precisa pagar
em dinheiro: a transação é feita com créditos chamados Bitcoins, uma
moeda virtual baseada em P2P que garante o anonimato entre as partes.
Também é verdade que nem tudo é do mal. Existem ferramentas
de busca próprias pro ambiente, como o Deep Peep (que
funciona como o Google), e até um que propõe deixar o lixo humano de lado e
ajudar a buscar informações que valem a pena, como o Intute, um site
que concentra centenas de links para estudos e pesquisas que abrangem todas as
áreas do conhecimento humano. E há sites que tratam de assuntos controversos,
mas não ilegais ou depravados, onde as pessoas podem opinar sem serem
pré-julgadas por isso.
Por falar em opinar, há chats para quem quer trocar
figurinhas com outros usuários específicos, mas enquanto me preparava para esse
mergulho de escafandro, li em um site gringo que a regra de ouro ao navegar na
DW, julgando que quem está lendo é uma pessoa normal, é: veja o que
quiser, mas não fale com ninguém.
venda de drogas na Deep Web
Uma das grandes curiosidades é a respeito de documentos
governamentais, e sim, eles estão lá, graças ao já conhecido grupo hacker Anonymous, que há pouco rompeu relações com o Assange e
seu Wikileaks. Não sei, mas brigar com o Anonymous não parece boa ideia. E grupos extremistas,
seitas satânicas e afins não têm freios na hora de mostrar fotos das
barbaridades que executam, ensinar rituais, ir para dentro do campo do
ocultismo extremo, do tipo que nem Paulo Coelho deve conhecer. Muito além do
tabuleiro de Ouija, meus jovens droogies.
Outro site que me chamou atenção mostra experiências
realizadas em seres humanos, coisas de Josef Mengele, devidamente documentadas.
Um aviso está logo na primeira página: “os indivíduos que usamos em nossas
experiências são moradores de rua, porque não têm identidade e ninguém nota
seus desaparecimentos.”
Mais um endereço, e esse agora é de um grupo de canibais.
E o mais impressionante: os fóruns têm voluntários que querem ser,
literalmente, comidos.
VOLTANDO A SUPERFÍCIE…
Pra mim, o saldo é o seguinte: todo mundo que se liga em
internet, que procura saber das coisas, já tá ligado que essas bizarrices todas
existem no mundo. Ninguém precisa de Deep Web para ficar “mais antenado”. Sites
com fotos de acidentes, de autopsias, de gente arrebentada, de possessões e
aparições existem na Web de superfície.
O que torna a DW um ambiente grotesco é que o que mais se
encontra são sites de pedofilia, onde os usuários trocam fotos e contam
vantagem do que fazem. São coisas impensáveis. Quem assistiu “A Serbian Film”,
acredite: não é nada comparado ao que esses doentes fazem. Quem não assistiu,
pode ler a história toda na Wikipedia.
Não foi preciso acessar um site para ficar sabendo disso; o
fórum conta em detalhes o que foi que a pessoa fez e só depois surgem os links
das imagens para comprovar. Por motivos óbvios, não cliquei nelas. E é
impensável o que fazem com animais. É impensável o que alguém pode fazer
com outro por puro prazer doentio. E o pior é saber que, por mais extremo
que seja, um filme como “August Underground” é isso, um filme (na lista dos 25
mais perturbadores da história). Na Deep Web é real.
Finalmente o estômago embrulhado derrotou a curiosidade, e
emergi de volta para um mundo que de repente se tornou muito pior. As imagens
vão demorar a sumir.
A conclusão é que a DW serve para mostrar uma realidade que
não deveria existir.
E que você não precisa ver.
pesquisem pelos níveis da deep web se quiserem saber mais
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